Aspectos da Homossexualidade Histórica no Antigo Território de Angola, em África.

Provas da existência de homossexuais na África bem antes da colonização européia.

7.01.2005

Favor não copiar ou reproduzir este texto em partes ou por completo para fins lucrativos. Sempre deve ser citada a fonte. Maiores informações ao pé da página.

AngoNotícias, um jornal online de Angola, África, publicou a minha tradução abaixo sem dar-me o devido reconhecimento como tradutor do texto. Da mesma forma, aparentemente, o jornal publicou juntamente ao meu texto uma fotografia de uma pessoa que, supostamente, é um homossexual tribal, sem mencionar o seu nome, a sua tribo, ou quaisquer outros pormenores sobre a sua identidade. Isso é muito irônico, levando-se em conta a premissa principal da obra de onde foi retirado este segmento textual é justamente identificar o que vem sendo mantido encoberto. Escrevi para a redação do AngoNotícias mas até hoje não recebi resposta.


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Kurt Falk, um atropólogo alemão, escreveu sobre a vida entre duas pessoas do mesmo sexo em "certas tribos de Angola" em 1923. Ele escreveu sobre dois grupos, os Wawihe e os Ovigangellas que tinham níveis diferentes de prática e aceitação do amor entre pessoas do mesmo sexo. Ele diz que entre os Wahihe não somente os jovens mas também "os homens adultos se gratificam destas maneiras".

O antropólogo esclarece que a existência deste tipo de atração geralmente era negada na presença de estranhos como ele mas depois de ficarem bem conhecidos e acostumados com ele a maioria dos homens admitia que tinham um parceiro sexual masculino. A língua tinha várias palavras que caracterizavam a diferença entre "amigo não sexual" e "amigos sexuais" [Nota: o plural neste caso traduzido verbatim].

Por outro lado, entre os Ovigangellas existiam rituais bem elaborados para um homem poder pedir ao pai de um outro rapaz pela sua mão em troca de algum presente.

O pai geralmente concordava e daí os dois homens eram reconhecidos como duas pessoas em relacionamento. Eles também se mudavam juntos numa cabana própria. Mesmo depois do casamento do homem mais velho, o homem mais jovem ficava com seu amante até que ele mesmo decidia que queria se casar.

Neste caso o jovem era devolvido ao seu pai. Então, o homem mais velho procurava um novo "katumua" e o homem mais jovem também escolhia um novo namorado depois de casado, sendo isso o seu desejo.

Falk conta a história de um soldado africano que foi punido por um sargento branco (i.e. de origem européia) que estava de plantão por ver ele paquerar um outro soldado [masculino].

Mais tarde o sargento teria perguntado o soldado porque ele não tinha procurado uma mulher para se gratificar sexualmente ao que o soldado prontamente respondeu: Meu caro sargento, o senhor por acaso não sabe que existem homens que desde jovens não pensam em mulheres e outras pessoas mas somente se sentem atraídos por outros homens? Porque é que eles devem ser punidos agora em sua maturidade, agora que são adultos? Além do mais, se você os perguntar, eles não irão saber explicar porque é que Deus os fez assim como são – homens que amam homens.

Fonte: Boy Wives, Female Husbands, editado por Stephen O. Murray e Will Roscoe (New York, St. Martin's Press, 1998). Esta tradução do original em inglês ao idioma português é uma tradução de Paul Beppler.


Vale salientar que é incorreto e injusto, exemplificando este caso, citar somente a editora St. Martin Press, o local da publicação (Nova York), e o ano da primeira edição do livro (1998), sem mencionar os nomes dos autores da obra: Stephen O. Murray e Will Roscoe. Reiterando também que, ao utilizar uma tradução, sempre é preciso citar o nome do tradutor ou tradutora... ou, caso contrário, deve-se investir os seus próprios recursos para produzir uma versão própria do texto.


Segue o texto original, em inglês:

Kurt Falk, a German anthropologist wrote about the same sex life among "some Negro tribes of Angola", in 1923. Two groups that he discusses, namely "Wawihe" and "Ovigangellas" had varying levels of practice and acceptance of same sex love. He claims that among the Wahihe , not only younger men but "adult males also gratify themselves in these ways". He notices that such attraction was generally denied in the presence of strangers like himself but after being acquainted with him most men would admit to having a male sex partner. There were many words in the language to characterize the difference between "non-sexual friend" and "sexual friends."

On the contrary, among the Ovigangellas there were elaborate rituals whereby a man could ask the father of another younger man for his son in return for a present. The father usually agreed and from then on the two men were recognized as being in a "relation". They would also move into a hut together. Even after the marriage of the older man, the younger man would stay as his lover until he himself wants to get married. The younger man then is brought back to his father. The older man looks for a new "katumua" and the younger man also takes a new boyfriend if he so desires after his marriage.

Falk relates the story of an African soldier who was punished by an "on-duty white sergeant" for making a pass at another soldier. The sergeant later asked the soldier why he didn’t procure a woman for his sexual gratification to which the soldier replied: Doesn’t the Sergeant know that there are men who from youth on desire women, and others, who are attracted only to men? Why then should he be punished now? After all, he knows not why, God created him like this – that he can only love men.

Source: Boy Wives, Female Husbands edited by Stephen O. Murray and Will Roscoe (New York, St. Martin’s Press, 1998).



Paul Beppler
Seattle, WA – EUA
RIOLINGO.COM


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